quinta-feira, 14 de junho de 2012

Registro do dia 16/04/2012 (Thamata)

Depois de algumas semanas pensando em fazer o registro, senti que chegou a hora. A Carol, nossa nova companheira fez o último registro do encontro (por sinal o seu primeiro encontro com o grupo) e a atitude dela talvez tenha dado o último impulso que eu precisava.

Cá estou, vamos lá! Voltando para a segunda feira, 16 de Abril de 2012.

Cheguei ao CCJ atrasada e um pouco irritada com situações ocorridas nos coletivos urbanos que levaram até lá, coisas de praxe (um aperto aqui, outro ali, uma parada para aguardar a movimentação do trem à frente e assim vai...). Bom, mas lá o coletivo é outro e logo o humor foi voltando ao normal, no bom sentido. Já tinha começado nossa meia hora de reunião para falar de assuntos relacionados aos postos (biblioteca, recepção, internet livre), cada equipe num canto. Fui me aconchegando junto a turma da biblioteca. Os assuntos estavam bem adiantados. Falamos mais algum tempo . Voltamos a roda completa. Senti falta de algumas pessoas e vi uma cara nova, não sabia seu nome, mas tinha certeza que era o novo educador, logo menos falo mais dele. A Ângela trouxe uma dúvida: O tempo de meia hora tem sido produtivo para todos os grupos? Identificamos que os assuntos relacionados à biblioteca demandam mais tempo de fato. O grupo tem mais integrantes e por consequência nos desencontramos mais durante a semana. Em resumo, continuamos com a meia hora sempre que necessário e surgiu uma ideia muito boa de usar parte desse tempo para falarmos também de coisas do interesse de todo o grupo. A Mary aproveitou a deixa e começou a falar de uma visita monitorada com uma turma de franceses que ela e a Érika haviam feito naquela semana, e que apesar das dificuldades de comunicação e tendo sido pega de surpresa no dia, deixou claro que foi bem interessante e contou de forma bem descontraída todos os ocorridos. Um suspiro para uma palavra: DISPOSIÇÃO.
O assunto “visita monitorada” tem chegado em nossos encontros algumas vezes e de formas variadas, é uma atividade que tem pedido atenção e que falta muito para chegar num ponto de sentir ela com propriedade, eis aí um desafio. A Mariana e a Ângela falaram de momentos cômicos e comuns que aconteceram durante as visitas que elas fizeram vida a fora e eu fiquei ali pensando que é isso aí: a segurança sobre determinadas ações nos permite encarar com mais leveza, mesmo quando as pernas tremem e você quer fugir. Eu ainda não cheguei nesse ponto, mas quero. Uma boa notícia: O novo educador, Felipe, chegou também para ajudar nessa atividade.

Qual será a história do nome e o livro que marcou um momento da vida da Mariana, da Carol e do Felipe? No começo isso era boa parte do pouco que sabíamos um do outro. Sinto que muita coisa mudou.
Chega a hora do Bruno apresentar sua correria, preenchida pelo Entre Becos e Vielas, um projeto de ocupação no bairro em que ele mora. Pelo que entendi, o intuito é gerar atitudes coletivas de cuidado com o bairro, de forma que todos sejam beneficiados, como a simples atitude de não jogar lixo no chão, por exemplo, e ao mesmo tempo uma apropriação do espaço de forma positiva e produtiva, firmados através de eventos envolvendo arte de rua (música e grafitt). Os eventos que rolaram até agora deram super certo e a comunidade abraçou a ideia. Uma matéria feita pela Rede Globo para o programa Criança Esperança meio que se apropriou da ideia do projeto e isso deu uma desmotivada no Bruno, mas nada como “levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima”. Logo mais, terá outro evento e estamos todos convidados, eba! Gostei muito da correria do Bruno, principalmente pelo caráter espontâneo. Lembrei de um momento em que o Bruno respondendo a uma pergunta da Ângela disse que a potência e a arte do projeto estão naquele momento do evento. É isso aí, la na ladeira da viela tem gente fazendo, sentindo e vivendo. Não pára não Brunão!

Lá vamos nós para o aprofundamento da cartográfica dos desejos. Isso, “desejos”, no plural. Será que somos todos um? Ou somos todos uns? Vejo a cartografia como algo que é nosso, como uma das primeiras formas do grupo mostrar o que quer e de transformar esses desejos em ações, ações de UM grupo.
O que é cultura? O que é arte? Espaço público x espaço privado. O que é ser Jovem? Jovem mediador, Programa Jovem Monitor e assim vai. Temos muita coisa para fazer, muito para absorver e aprender e que acredito que irão auxiliar em práticas. Rolou uma conversa a respeito, fizemos algumas sugestões, tiramos dúvidas e ficamos de trazer sugestões. O encontro da próxima semana já será baseado nesse aprofundamento.
Hora do almoço, super fome!

Na volta, um baita texto sobre Ação Cultural do Teixera Coellho nos esperava sob a mesa. Ah, tem também um regador azul, cheio de ar. A Ângela sugeriu que um voluntário fizesse algo com ele, de repente o que achássemos que ele estava pedindo. Eu fui enchê-lo de água e a Ana na seqüência começou a regar algumas plantas da biblioteca. Na hora esqueci de perguntar se a presença do regador tinha algum significado especial. Pela presença dele, pelo tamanho da mesa, e pela forma como nos sentamos tive a impressão que o grupo nunca esteve fisicamente tão próximo como estava naquele momento. Começamos a leitura do texto. Ele é extenso e aquela querida leitura fragmentada com intervenções de uma na leitura do outro não cabia. Fizemos uma leitura continua e depois conversamos algum tempo sobre o conteúdo ali abordado. Deu boas discussões e o texto de fato, é muito bom. Gosto da ideia de lermos o texto antes do encontro, ajuda a fixar mais o conteúdo e colabora para as conversas.
Fechada a conversa sobre o texto, a próxima atividade sugerida foi sairmos pelo entorno do CCJ e entrevistarmos pessoas afim de saber um momento da vida dela em que uma ação cultural tenha sido marcante. Antes de ir, rolaram alguns questionamentos sobre ir ou não, a finalidade, os porquês e enfim, VAMOS! Formamos duplas e trios e saímos. De cara, quando saímos (A Natame, a Mary e eu), encontramos dois freqüentadores que estavam no portão, um deles nós já conhecíamos. Eles não sabiam que o CCJ estava fechado. Perguntamos se eles topavam ser entrevistados e eles disseram que sim. No final das contas, conseguimos mesmo falar só com um dele, o mais falante: André. Tem 14 anos, gosta de esportes e um momento de ação cultural marcante em sua vida foi quando seu time de futebol da escola ganhou um campeonato e ele foi o artilheiro, com 32 gols. Ele acha que deveria ter atividades esportivas no CCJ e uma quadra. Depois disso, voltamos ao CCJ e cada grupo contou como tinham sido suas entrevistas. Em resumo, acho que falamos com muitas pessoas que não freqüentam o CCJ ou que conhecem o espaço, mas considera que ele não supri as suas necessidades, que são outras, esse lugar do elefante branco não supri suas necessidades. Um outro disse que quer pintar tudo aquilo ali de vermelho. Hoje, 22 de Abril. O dia está cinza, amanhã tem encontro no Tomie. Eu preciso terminar meu registro, mas não consigo. Acho que quero pintar ele todo de verde. Fim.

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