quarta-feira, 21 de março de 2012

Ctrl C+ Crtl V...

Registro do encontro do dia 05/03/2012
No Instituto Tomir Ohtake – Oficina com Fred

Desde quando soube da existência do registro, sabia que minha vez de fazê-lo não tardaria. Minha ansiedade é maior que minha timidez e cá estou tentando construir um texto que descreva horas da reunião de seletos jovens.

Iniciamos o dia com uma carinhosa voadora no meio do peito “O Registro do Luiz”. Chefinho aparentemente tímido nos traz um novo formato de registro, uma performance. Um dialogo com a vida(que curiosamente usa a boina do Sema...??)(mais um parênteses - Luis eu escrevi isso antes dequela nossa conversa ta?). Vi questionamentos e aflições não ditos naquelas palavras. Quanto aquele menino que se acha ‘branco demais’ cresceu naquele gesto?Quantas perguntas ele respondeu pra si mesmo pra chegar ali? Quantas vezes a roda do Tomie já girou com ele? E o que fez daquele dia ser diferente?
Pergunta à Vida e ela, sendo vida com é, nunca afirma, nunca resolve, não conclui, é um ciclo onde temos que ‘nos permitir errar pra descobrir’.

O pacifico tio da biblioteca no meio dessa tormenta pede silencio ‘Por que eles falam tanto?’ Consegue, receio que até mais do que pretendia... e sorri. Parabéns Luiz, além do registro e a performance vi um Luiz que se permitiu errar. Tentar ousar não é fácil, parabéns!! GIRA TOMIE!!

Tentamos discutir sobre o que o Luiz jogou na Roda Giratória do Tomie, mas o silencio que ele tanto precisava não quer sair da sala. Sua presença friamente calorosa nos desafia como um quebra-cabeça de 5 mil peças, divertido mas, sem resultado imediato. Eu particularmente teria feito uma pausa, só para esperá-lo (o silencio) sair da sala, Nesse momento a Entidade Registro me escolhe. É hoje! Sem me anunciar seguimos.

Nosso convidado parece não estar ali. Deve estar conversando com alguém na net sobre esse excêntrico grupo. ‘E me tiraram de Brasília pra isso’. Bom minhas impressões estão equivocadas, ele estava anotando tudo.

Nosso convidado finalmente entra na roda. Fred. Sem querer muito que seja esse o rumo da prosa, se apresenta. Começam as avaliações. Será que ele é mala? Pô o cara tem uma puta bagagem. Ele é gago. Não rir. Na verdade nem, me deu muita vontade de rir.

Que loca a história desse cara. Um ideal que parte do que vivemos, sentimos na pele, no corpo como disse a Joana em sua apresentação pessoal, que por sinal também é um exemplo vivo disso. O ideal não veio do nada pra essas pessoas. Ai eu me pergunto: Qual é o ideal do grupo Jovem Monitor 2012? O que é latente em todos nós para que se transforme em ideal e lutemos por isso? O que somos?
Quando ele diz “Eu era uma tabua rasa de conhecimento” pronto. Captei vossa mensagem. Houve um link. Eu também sou uma tabua rasa, aqui no Tomie, eu também tive esse click quando eu cheguei. Quantos livros eu não li, filmes que eu não vi, historias e lugares que eu não conheço (Sarau da Brasa?? Que diacho é isso?) Quanto eu ‘perdi’ entre meus ensaios, concertos e estudos,viagens, ensaios, ensaios, cerveja, partitura ...Só foram experiências diferentes né?Isso é outra conversa.


O clima é estranho, quase tenso, porém, não mais que de repente nosso convidado solta uma aguda gargalhada. O alvoroço é geral. Todo mundo ri sem entender. Ri e se olha procurando uma resposta para aquele gesto (com exceção da Nathame que já atingiu um novo estagio e chora de tanto rir, não consegue controlar e sai da sala). Bem ainda pouco confusos mas mais relaxados vamos. GIRA TOMIE!!

Fred pede para que agora falássemos. Perguntamos ‘o que?’. Ele quer ouvir. Qualquer coisa. Começar pelo que temos, somos. Não me lembro quem mas, começamos a falar do CCJ, a Internet livre, a de pesquisa o uso dos computadores por crianças. Os problemas que achamos que ele teria a resposta. Ele traz questões que ainda não tínhamos jogado na roda, e que talvez sejam as respostas ou pelo menos um provável caminho para nossas questões.
O que é juventude? Qual a comunicação da Internet com a biblioteca? Por que o núcleo de Internet pra pesquisa esta la?O que é pornografia?

Me pego olhando para o Bruno e bem...ele esta com mais sono do que eu.

Percebendo nossa dificuldade com as perguntas delicadamente nos diz que se queremos resolver esse problemas temos que nos conhecer. O que é o CCj em mim?Tem que ter as raízes pra crescer o Baobá. Só que um Baobá não crece em dois anos.

Ta ta. Para tudo, vamos começar do começo: QUEM SÃO VOCES???
O silencio do Luiz passa pela sala, e de novo pedimos formatos, esquemas. Como assim? Que pergunta é essa? Que respostas você quer ouvir? Fred da de ombros e aguarda respostas. Depois de Ângela tomar a frente, as raízes vão aparecendo. Ela se vê no Meca-mobile, Matheus é o próximo e joga na roda a sua historia com o CCJ. Como uma das nossas oficinas repercutiu na vida de uma pessoa que agora esta ali, entre 18 pessoas que ajudam (ou pelo menos pretendem) fazer historias como essa mais freqüente.

A conversa continua, não estou mais entendendo nada. Anoto algumas frases que me chamam atenção mas perdi o contexto. (Vem Mariana, como você vai fazer o registro se nem entende o que eles estão falando?) E o Silencio do Luis volta pra sala de novo, mas não entendi por que. E Fred joga outra pergunta digamos curiosa. O QUE VEM NO CONTRATO DE VOCÊS? Resposta: mais risadas e mais olhares.
Fred continua questionando e apontand: Enquanto não tivermos um ideal, não temos por que/quem brigar por mudanças. Mudar pra que? Mudar o que e pra quem? Pra quem...Essa questão já é um clichê do programa. Quem é o CCJ, quem são os freguentadores? O que me incomoda de verdade é porque não foi respondido isso ainda? Quem tem que responder? Fizemos um questionário mas, cadê o resultado? Eu respondo por mim bati o olho, comentei com a Danuza algumas coisas mas só. Ponto, acabou ai meu contato. Quando chega à roda isso pula, como uma bola de pingue-pongue. Discutiremos mais um pouco no caminho para o trem, felizes por saber raciocinar, mas isso não resolve nada. Latência, Potencia, Realização e Atualização. Calma já chego la.

Ai ai to com fome!! Deveria ter acordado mais cedo pra tomar café em casa.

Nossa meu registro esta grande. Vou acelerar um pouco galera

Nosso mediador solta uma frase que merece ser registrada aqui. Todo espaço publico é propenso a intervenção do publico. Loco isso né? O espaço é para um publico, e o que esse publico vai desfrutar no espaço é decidido e organizado por um grupo de pessoas que não estão nesse publico. Como oferecer a quem não conhecemos algo que achamos que ele precise? E outra o publico do CCJ é loucura total! Misto e sei la, pra mim é uma sinuca de bico. Me perdoem se de alguma forma possa ter ofendido a direção do CCJ nessa fala, por favor me compreenda, é só uma linha de raciocínio embolada.

Fred exibe alguns vídeos mas minha concentração foi pro saco, to com fome. Parece um material muito bom, mas não consigo. Observo meus colegas e não sou a única desligada. Agora, vamos ao uso das maquinas, notes e tablets divididos entre o grupo e nos é proposta uma pesquisa sobre o que é cultura. Ainda mais dispersos, começamos a pesquisa.Os mediadores finalmente interferem no alvoroço e...almoço. Ótimo, estou com a maior fome e minha marmita esta delicia.

Puts! Tenho que abrir a conta. Vou correndo. Chego no banco, uma mulher só na minha frente. Beleza vai ser rápido, ainda da tempo de engolir a marmita. Esta demorando muito. Finalmente a mulher sai da mesa. Olho no relógio vejo que estou cada vez mais distante do meu macarrão com molho branco. Sento na mesa e entendo a demora,a atendente é nova. Viche, acho melhor nem me atrever a fazer o registro, não vou chegar na hora. Como você é enrolada heim Mariana, aposto que , se ainda fizer o registro vai ser na ultima hora, porque você não muda heim??? Merda, vou chegar atrasada!! Dito e feito! Volto pra roda com 15min de atraso e um burago negro no estomago.
OBS.: Agora são 2:49h de segunda-feira
 
Cada grupo apresentou sua pesquisa, algumas observações e não chegamos a uma resposta específica (ainda bem) mas a conversa foi boa. Comecei a me ver um pouco diferente como individuo no meu meio, o que eu faço, o que eu digo e como digo, o Sema virando descendente de italiano de repente. Essas conversas sobre o que é cultura, sempre cutucam nossa raiz de leve, viajei. Fui nos meus avós, minhas reuniões familiares, minha religião, o Tomie o CCJ.

Fred anota na nossa pagina coletiva LATENCIA, POTENCIA, REALIZAÇÃO E ATUALIZAÇÃO. Nossa me deu vontade de colocar isso no muro. O que é latente em nós, é um pouco redundante, volta pra questão da raiz de novo, mas, a forma com que ele organizou o ciclo de ações nessas palavras foi mágico pra mim. A Atualização precisa existir, precisamos nos reconstruir sempre pra construir e criar outra urgência, outra latência.

Assim vamos construindo nosso mosaico. Gostei do Fred, ele nos deixou material pra discussão pra mais umas duas reuniões pelo meno, infelizmente isso não aconteça como eu espero, é só a minha visão, talvez alguém já tenha absorvido muito mais do que eu, talvez as minhas discussões não seja, as mesmas necessárias pro grupo, assim como os freqüentadores do CCJ, é um grupo muito loco.
Muitas questões, muitos links. Ctrl C+ Crtl V, Ctrl C+ Crtl V, Ctrl C+ Crtl V, Ctrl C+ Crtl V...

quarta-feira, 7 de março de 2012

Registro V.I.D.A. - 27 de Fevereiro de 2012 - Luiz Augusto

Gostaria de lhe contar uma história...
Não sei quando ela começa... talvez no fim de semana que antecedeu o dia 27 de Janeiro, data que eu pretendo te contar. Ou talvez já venha de muito antes, desde o momento que eu queria fazer o registro. Bom, mas começa a partir de agora...
Recebo um beijo para poder acordar, o seu beijo Sra. Vida. Pois, sem ele não poderia acordar todos os dias. Levanto... Dou Bom Dia ao dia... Escovo os dentes... Café da manhã... Tirar a barba... Banho... Me trocar... Fone de ouvido... Pegar a lotação... Será que estou bem armado para poder enfrentar o dia? Ah! A quem eu quero enganar? Por mais armaduras que eu coloque o Tomie sempre irá me atingir...
Tomie no CCJ... Que calor infernal! Mais uma vez estou atrasado, mas fico feliz em saber que não sou o único. Ângela lê dois textos para abrir as nossas mentes – textos que infelizmente eu não consegui entender – e foi dada a largada. Gire, Tomie!
Algumas tremedeiras e gaguejos e começa o registro do Alisson. Um texto confuso ou um desabafo? Me fez refletir que nem mesmo as palavras escritas dão conta de expressar o que sentimos às vezes. O roteirista nos faz rodopiar em exemplos, histórias, desabafos e sutilezas, uma verdadeira confusão... fugas e mais fugas e o que fora escrito perde a importância. A ação começa, o corpo fala. E o rio de utopias deste registro como educação, política, taxa de natalidade, fascínio pelo o que é óbvio e como as coisas funcionam é onde estamos nadando agora. Sra. como eles falam! É bom, mas o silêncio também ensina.

Somos egoístas e temos que suprir o nosso objetivo pessoal!

O controle foi perdido. No caso o controle do projetor. Mudança de espaço, sala de projetos e veja só uma coincidência! Joana e sua trajetória pessoal, cheia de projetos. Que história a da Jô! Engraçado como o nosso passado afeta tanto as nossas escolhas no futuro.
Agora uma utopia minha: queria não ter que escolher às vezes. Porque temos que ter uma opinião sobre tudo?

– Quem disse que estamos aqui para acertar? Você se cobra demais!

Construção de uma sociedade possível, a catraca como limitador, o que o corpo sente, o corpo em risco (como o meu está agora!), Cidade Luz e o refletir sobre a senhora. Esse é o caminho da Jô que nos é mostrado.
De volta ao espaço Sarau, temos os nossos amigos produtores para participar do encontro com a palestrante Amanda – o lugar mediador, atrativo ou não? Falas sobre a leitura pessoal de cada um... E então saímos para desmembrar o coração do CCJ.
Senhora? Porque nenhum monitor quis apresentar a biblioteca?
Me mantenho afastado para não perder o momento do registro... HQTeca cheia e mais calor... grupos se formam... espaço múltiplo gerador de conflitos, onde nós monitores somos os mediadores... produtores e monitores não se fundem na multidão... linguagem acessível para identificar melhor o espaço... uma memória: monitores e produtores não foram apresentados formalmente... romper com a biblioteca para iniciados... vejo uma borboleta voando a nosso encontro... utopias... flexibilizar o empréstimo... Quantos perceberam o vôo da borboleta? Sinto a necessidade de ir atrás dela, mas não a encontro...
 Almoço. Um momento para descansar e pensar no registro sendo atacante, defensivo ou mediador.
De volta ao Sarau, com um atraso enorme será que este encontro foi planejado? sobra apenas uma produtora na roda e vamos para a sala de projetos e problemas técnicos nos fazem falar de experiências que tivemos durante a semana que se passou: o gibi roubado e o jornal deixado por acaso e intencionalmente na mesa são mencionados... Nos distraímos mais e estamos falando de filmes e que por um lado positivo – eu não nego – pode vir a rolar uma troca de experiências com os freqüentadores, mas nada do que já fazemos no nosso dia a dia.
Uma frase falada pela manhã: “se concentrar para não perder tempo!”... Vida qual é o seu sentido?

Se permita errar para descobrir!

A chuva desabava lá fora. E o vídeo das “Fiandeiras” começa e logo após o seu término nos vem um trava-língua.
– Vida, fale “bisbibliotecar na HQTeca!”
Mais conversa... e vamos bisbibliotecar na biblioteca e encontrar o que nos agrada ler... Reunidos no Sarau, somos divididos e iremos contar e ler nossas escolhas.
Trechos de texto são lidos, trechos com personalidades e bagagens diferentes, textos que viram histórias e histórias que viram um ponto de vista e quando todos estão reunidos, novamente caem numa discussão sobre revistas, política, imparcialidade, esquerda e direita... as conversas rolam...
Ângela e Joana voltam da reunião com os produtores... Senhora, porque a Ângela se manteve fora da roda?
E de volta ao centro, a experiência de ler para o outro é desfiada e tecida ao mesmo tempo o ler em voz alta, a curiosidade pelo o que o outro lê, o saber ouvir, o sentido em explicar do que ler, o nervosismo de ler para o outro, a propriedade de você ler o que conhece, o cuidado ao ler e a mediação maior: o boca a boca também foram discutidos... acredito que foi o ponto alto do dia! Precisamos de ação!
Para concluir a rotação – sensação de movimento que é o Tomie - voltamos para a sala de projetos.
A história e as fotos do Centro Cultural são mostradas pela palestrante-oficineira... dois textos de Eduardo Galeano são mostrados, discutidos e lidos. Fim, e pela primeira vez que eu conheço o encontro da formação termina antes das 5h.

– Por que você me chamou? Só para contar isso?

Eu te chamei para dizer que está doendo e para dizer que ando muito confuso,  que as palavras por escrito não dizem a totalidade do que sinto e mesmo as palavras faladas soam tão tolas que prefiro me calar. Acho que estou ficando louco! Acredito que agora estou em pé de igualdade com o Tomie! E que o perdoar os outros, como a si próprio... dois muros enormes... acho que agora posso dizer que a catraca girou.