quinta-feira, 14 de junho de 2012


Dia 4 de junho de 2012.
Instituto Tomie Ohtake, São Paulo.

Dez e quinze da manhã, o encontro tem início com o grupo ainda incompleto. Hora dos recados iniciais: Joana anuncia a entrada de um novo membro, Fernando. Completa que no processo seletivo deram preferência a um homem, já que, “as mulheres desse grupo são muito fortes”.  Somos comunicados também que o Markito virá ao encontro no fim do dia, pois viu necessidade a partir de conversas com a Joana. Ela adianta alguns assuntos como: “É função do espaço público qualificar o acesso à internet?”. As pessoas que faltavam vão chegando aos poucos e puxando uma cadeira. O próximo assunto é a programação dos monitores que em ano de eleição encontrará alguns problemas como a falta de verba. A solução imediata é que façamos algo “pontual e potente”. Bruno questiona a falta de grana e quer um nome pra isso, ouve como resposta “Descontinuidade política” e todos concordam que devemos discutir isso no dia dezoito. O DIA DEZOITO. Aos poucos vamos nos lembrando de uma série de tópicos que poderiam ser discutidos nesse dia e ele vai se tornando importantíssimo.

Rodrigo lê seu registro e provoca risos no grupo ao nos lembrar da apresentação da correria do Mateus. Finaliza com “um leve gosto de frustração na boca”. Como era de se esperar, tal frustração é o ponto que pega o grupo no momento pós-registro. Joana fala algo sobre potência do corpo e Thamata diz que o “corpo deve se sentir à vontade” e Gisele questiona a atitude de “forçar um encontro”. Tudo isso traduz a minha reverberação após a atividade dos encontros.

Danusa e Thamata falam sobre as atividades promovidas com as crianças no CCJ, discute-se a necessidade de reuniões anteriores à tais atividades e visitas, conclui-se que devemos nos reunir para ativar a criatividade. Willian põe na roda que os Gestores dão pouca importância para atividades com as crianças, mas não dá nome aos bois. Passamos um tempo falando sobre tais atividades e noto que temos feito isso em quase todos os encontros, não dando espaço para outras coisas que acontecem no CCJ. Lembro-me da “força das mulheres” citada no início do encontro. Enquanto isso tudo é só um pensamento meu, sou surpreendido com alguém dizendo exatamente o que eu sentia sobre essa falta de espaço. Angela lembra que devemos retomar os assuntos do registro do Rodrigo e falamos sobre como o tempo reduzido, corrido, é um problema nos nossos encontros.

Para aquecer a conversa que estaria por vir, assistimos a um vídeo com a Suely Rolnik, onde ela fala sobre inteligência, potência, Nietzsche, professor submisso, aluno submisso valorizado, arquivo morto, canalização, mercado, representação, arte, pedofilia, capitalismo, cafetão e puta. Hitler, o outro e o forno. Algumas das últimas frases do vídeo são “Por que eu tava falando isso?” e “A vida não acaba”. Ouvindo e vendo as impressões do grupo, notei que tanta coisa criou expectativa.

O assunto posterior ao vídeo é capitalismo, mercado e arte e de alguma forma estamos falando sobre equação de segundo grau, quando a Suely entra na sala. Se desculpa pelo atraso e já inicia a conversa nos questionando sobre o que mais nos incomoda e inquieta, em qualquer aspecto da vida. O grupo ri quando a Suely, no meio de tantas reflexões, diz que a Joana está vestida de princesa. Falamos sobre traumas, preconceito de raça e classe, universidades e voltamos ao assunto: Joana vestida de princesa, Mari completa: Princesa de coturno. Ao voltamos para a questão inicial, Bruno comenta: “Centro Cultural não gosta de pobre” e logo define “pobre” como “quem sofre descaso”. Willian trás sua inquietação: Não se identifica com nada. Logo o William é o centro das atenções e comenta rindo que está se sentindo estuprado e que todos sairiam do Tomie chorando. Natame diz que se sente mal e pressionada na Universidade e Willian completa: “TCC é um vômito”.

Pausa para os cigarros da Suely e do Bruno.

Voltamos com a Thamata se abrindo: Vê hoje uma vida que já estava com ela e que não tinha dado vazão. Se incomoda com as pessoas sendo levadas por padrões. Ouço o desabafo e me surpreendo com a carga emocional, sensível e sincera das palavras.

Suely apresenta o “dentro e o fora” da “fita” com suas caracteríticas e definições, contextualizando-as a partir dos desabafos.

A princesa da vez é a Natame, agora não se fala em coturno, mas em uma japonesa abandonada na selva.

Angela interrompe e dá voz ao Felipe que diz não se sentir à vontade para expor o “saber do corpo”, por medo dos outros corpos. Suely lembra que a colonização neutraliza o saber do corpo. O capitalismo, a subjetividade burguesa, o estado e a cisão do ponto de interrogação.

Alguém trás o cristianismo para a roda e a Carol traz o Candomblé que se relaciona com o saber do corpo. Danusa interrompe. Está com fome. 14:30. Aplausos.

Almoço.

Voltamos com a apresentação da correria da Danusa: Aldeia do Futuro, Corafro (grupo de canto coral), projeto Aiuá – Mulheres Cantantes, Coral Esperança do Mundo, mais dificuldades com a Universidade, Centro de Desenvolvimento Comunitário, Coral Filarmônico Ikeda do Brasil, Sonoplastia, SP Escola de Teatro, Canto na ETEC; Algumas gravações no estúdio do Mateus que a Suely diria que foi um “encontro alegre”.

Enfim o encontro com o Markito: Resgatamos a discussão da semana anterior e os pontos são basicamente os mesmos. O encaminhamento dessa vez é: Uma hora por dia para oficinas na Internet Livre. Ainda devemos discutir a situação do Laboratório de Pesquisas, mas precisamos da presença da Melina.

Mais aplausos e o encontro termina aqui, mas não pra todos.

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