quarta-feira, 6 de junho de 2012

Registro, tentativa número 1

Segunda-Feira, 19 de março de 2012, 10h30min AM.

Depois do Luiz, o registro parece ter virado um momento de disputa de criatividade. Quem dá mais? Não é que isto seja ruim, mas parece ter tomado esta proporção. Justifico desta maneira a minha ausência de “criatividade” ou a minha “criatividade”. Venho por meio destas palavras escritas no papel registrar ou relatar o dia dezenove de março de dois mil e doze.
Mais uma segunda-feira. Mais um encontro da formação, desta vez no CCJ, e mais um registro a ser lido e escutado. Cheguei e a roa já estava formada, o início estava em atraso e necessidades técnicas estavam sendo resolvidas. O responsável por registrar o encontro anterior era o Willian, e o seu relato, como chamou , veio de forma a surpreender. Não tinha papel na mão, e a sua voz saia de sua garganta naquele momento. Era um vídeo e sua voz havia sido gravada em um aparelho gravador. Luzes apagadas, e todos de olhos e ouvidos atentos para ver e ouvir o relato do Willian. Ele nos falava objetivamente como havia sido o encontro passado e fazia inferências com seus pensamentos, além das inferências vsuais do vídeo. Era algo ao mesmo tempo conectado e desconectado. Enquanto a sua falava, a imagem na tela era preenchida cm informações escritas num caderno, a fala não era provinda da imagem era uma espécie de música ou sonorização, era como se houvesse um narrador num filme mudo. Horas as coisas se encaixavam e horas não. Muitos questionamentos apareceram inclusive alguns que haviam sido levantados pela Mari em seu registro, um deles perguntava: Qual é o nosso ideal?
Foi uma questão sem resposta, e que volto a indagar, pois talvez tenha que haver uma resposta para tal coisa. Portanto, falemos do ideal. Do dicionário, I.DE.AL: adj2g. 1. Que existe somente na ideia; imaginário. 2. Que reúne toda a perfeição concebível. 3. O que é objeto da nossa mais alta aspiração. 4. O modelo sonhado ou ideado pela fantasia dum artista.
Sei que não sabemos racionalmente qual o ideal do grupo, mas me lembro de lá no começo a Angela trazer a fala: Qual é a cara do grupo? Talvez descubramos aí por aí qual é o tal do ideal, e que este não seja somente aspiração, imaginação ou fantasia, como diz o dicionário. E com isso eu “linko” outro apontamento que também apareceu lá com a Mari e que o Willian retomou de outra maneira, que é a tal da roda do Tomie girando, e disse ainda que infelizmente ela não gira pra todos e que se girasse talvez muita coisa mudasse. Pra mim, a roda do Tomie gira, e gira, e gira, e gira, e gira...e aí dói a cabeça, dói a barriga, e a gente fica tonto...e no fim o que a gente faz com a coisa toda que rodou? Sei lá, vira um chão inteiro sujo de palavras vomitadas e que depois a gente vai passar o pano e deixa-lo limpo. Vários outros questionamentos estavam presentes no relato do Willian, mas não me convém falar, acho que não me interessaram tanto para retomá-los, perdoem-me por isso. Vou agora para o fim de suas palavras, que diziam assim: Fecha os olhos para um pouco, e ouve o que os rios têm pra dizer. Foi um belo jeito de terminar, e durante a conversa sobre o relato surgiu da outra Mari a comparação da voz calma e ralentada do Willian, com os rios, como se ele fosse o tal rio que nos dizia tudo aquilo que paramos para ouvir. Acho que conheci um pouco mais do Willian. Durante a discussão sobre o que ouvimos e vimos, finalmente veio à tona algo que intrigou todo o grupo durante duas segundas-feiras, a fichinha de avaliação que eu encontrei na recepção e que todos viram. No vídeo o Willian disse: Por alguns motivos a parte eu não consegui parar de pensar antes da discussão no grau de liberdade que temos para nos expressar aqui dentro. Uma anotação, um lista, uma tabela...Será que existe um big brother? E aí e veio o Felipe e falou que não tinha entendido o que quis dizer com isso de bbb. E o Willian se enrolou na fala dele, a Angela começou a explicar como funcionava a avaliação, todo mundo se olhando com cara de nós já sabemos de tudo isso e aí o Daniel interrompeu a Angela e disse que ia falar que todos já sabiam. E aí eu, por ter encontrado a ficha, expliquei exatamente como tudo começou, e esclarecemos que não havia sido proposital, que foi tudo acidente, e ficamos todos felizes e aliviados. Depois do falatório todo sobre a tal ficha de avaliação e da discussão sobre o relato do Willian, fomos a preparação da “oficina-atividade-proposta” do grupo do Tomie, Angela, Mari e Jo. Tudo pronto, fomos para o espaço de convivência, formamos outra roda em volta de algumas coisas no chão. Tinha uma caixa de papel, uns papeis e uns tubos de papelão e ao lado  Mekhamóbile. A o começou a oficina lendo um trecho de um livro chamado “Modos de Ver”, eu queria ter anotado alguma coisa sobre a leitura, mas eu não estava com meu caderninho. Depois partimos para outra leitura, desta vez todos liam e quem quisesse podia pegar a fala do outro numa respiração, ou pausa qualquer. Comecei a ler, era um texto do Rubem Alves chamado “A complicada arte de ver”, numa provocação da Angela começamos a repetir frases, ou palavras que chamaram a atenção. Texto lido por todos, partimos para próxima proposta. A Mari nos explicou como funcionaria. Na caixa havia binóculos, lupas, caleidoscópios, óculos e outras coisas.  O que faríamos com aquilo tudo? Enxergaríamos com outros olhos. Escolhemos os nossos novos olhos e um círculo de E.V.A, e ganhamos um papel amarelo e um branco. Tínhamos de escolher um lugar do CCJ que falasse sobre nós, posicionar sobre o círculo de E.V.A os nossos novos olhos em direção a este lugar, escreve um pergunta no papel amarelo, e dar uma pista gráfica na folha branca. E a ideia era que juntos achássemos com aquelas pistas qual foi o lugar escolhido por cada um e olhar através do olhar do outro. Com os lugares escolhidos, partimos para ver, rever e transver cada escolha. Um barbante materializou o nosso caminho entre os olhares. Uma grande teia foi formada e conseguimos ver, e rever e transgredir a visão sobre o CCJ. Pausa para o almoço.
Voltamos, e agora era a vez da oficina do meu grupo. Eu estava bem nervosa e com medo de não dar certo, a proposta era passar um vídeo, brincar um pouco com o corpo e depois conversar sobre o vídeo. Dancem macacos, Dancem! é um vídeo que fala dos seres humanos como se fossem macacos, e critica fortemente a construção da sociedade humana. Depois de vermos o vídeo conduzi a atividade corporal que propunha encontra o macaco entro de si, eu fique com medo de todos ficarem com medo do ridículo, mas conforme a condução acontecia percebi que todos entraram no jogo e não virou um auê total, claro que houve a vergonha, mas deu pra brincar de ser macaco um pouquinho. Terminamos refletindo sobre poucas coisas do vídeo e mais exatamente da proposta corporal. A próxima oficina foi do pessoal da internet livre + internet da biblioteca que propusera, “aulas de digitação” o que foi feito foi mais uma apresentação de como seria feito a coisa do que uma oficina propriamente dita, ahei que o grupo encucou que todos já sabiam digitar e que seria um porre aprender o já se sabe, acho que faltou um pouco de fé na ideia e força para executá-la mesmo com quem já “sabia digitar”. Funcionaria assim, na internet livre seria um lugar teórico e técnico da coisa e na biblioteca seria um espaço para praticar o que se aprendia na internet livre digitando trechos de livros que um mediados traria e apresentaria para aquela oficina. Com um pouco de insistência a Natame nos cedeu verbalmente à história do Drummond que foi o autor do livro escolhido por ela para a proposta.
Depois foi a proposta do pessoal da recepção da biblioteca, que funciona mais como uma ocupação de um espaço. A ideia era ocupar o espaço sarau com uma instalação sonora de trechos de áudio-books e ambientalizar o lugar, o livro escolhido para a experiência foi “A menina que roubava livros” alguns trechos sobre o Diário da Morte, foi legal, tinha uma luz baixa, umas imagens, o áudio e os “sofás” que criaram aquele lugar do soninho, sabe? Foi isso um dos questionamentos levantados, de como não deixar aquele espaço se tornar mais um lugar para se dormir. Deram ideias de ter alguém mediando, de ter objetos, cenários, deixar a luz alta, não ter os sofás, outras coisas que poderiam funcionar. As oficinas todas rodaram e acabou o encontro do Tomie no CCJ. E a roda do Tomie Girou e mais uma vez, e saímos de lá todos tontos e enjoados. O pano já tinha sido passado no chão, e fica no ar a questão: Tudo não passa de aspiração???


Gisele Godoy de Freitas

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