terça-feira, 10 de abril de 2012

Relato-falas Tomie Ohtake, 12/03/2012. Por Willian Emerson


Vo tentar falar toda a minha impressão sobre o dia sem dar pausa no gravador não importa o que acontecer aqui ao meu redor, então se preparem... pronto?... Era uma vez no tommie... cheguei mais ou menos por volta das 10 e 10 por causa do transito horrível dessa cidade super lotada. Começamos por volta das 10 e 20 e ouvimos o relato da mari. Ela jogou frases no chão como se fossem slides com perguntas que nos indagavam questões do dia da oficina do Fred. Com muita objetividade acho que foi o relato que eu mais entendi até agora... já tava esperando alguém chegar com uma performance muito loka...

Entre muitas coisas que ela disse, me marcou uma pergunta: qual é o nosso ideal? Acho que acabei fazendo esse relato com base nela... precisamos ter um ideal ou será que podemos nos unir só por nossos laços de amizade?

Seguimos para a discussão sobre as palavras que ouvimos. O objetivo que nos coloca é que poderemos saber o que foi ultimo dia no tommie, mas o máximo que conseguiremos é enxergar o dia pela visão de cada um. Se você ouve é porque eu falo. Por alguns motivos a parte eu não consegui parar de pensar antes da discussão no grau de liberdade que temos para nos expressar aqui dentro. Uma anotação, uma lista, uma tabela... Será que existe um big brother?

Da discussão pude perceber o quanto é difícil conseguirmos expressar nossos sentimentos através da linguagem escrita. Unir pensamento ao sentimento. Deve ser por isso que não há respostas para todas as perguntas. A realidade não está na história, mas em quem a escreve. A realidade está na cabeça de cada um.

É importante notar o quanto o grupo pode ser instintivamente opressor, e que apesar de ser formado pelas histórias de cada um, tem suas próprias raízes. Cada um traz consigo experiências e vivências que se unem e formam nossa instituição... ou pra não deixar o thauan triste, nosso partido de idéias... Não é de se surpreender que a principal arma das ditaduras tenha sido proibir o povo de se reunir.

Senti um pouco de angústia durante um momento da conversa. Quando cada pessoa começava a falar eu pensava o que muitos outros, lá fora, teriam a dizer. Infelizmente, a roda do Tommie não gira para todos. Imagina se girasse? É bem provável que o trabalho, as instituições, as idéias, o mundo mudaria... se pá até o nosso vale refeição aumentaria.

Seguimos para a explicação da oficina do dia. Devemos ir além do que é esperado e propor intervenções, não vai ser difícil já que tentamos criar algo novo desde que entramos. Isso me lembra que o ritmo do grupo não pode ser seguido por uma pessoa externa ao mesmo. Acho que a autoridade do grupo deveria ser predominante, mas eu nem sei se estamos preparados para isso. No final, todos arrumaram a sala, talvez isso seja um indicativo para responder a essa questão. Fazer o que não gostamos é o pior desemprego que existe. EU NÃO PENSO IMAGINO E FAÇO.

Nas discussões eu estava com bastante sono, acho que não contribui o quanto deveria. A Jô, a Mari e a Ângela também estão planejando, isso talvez demonstre que elas não se enxerguem como uma autoridade dentro de uma estrutura verticalizada. Isso é bom.

Como mudar um espaço com tantas barreiras? Ao meu ver a biblioteca é o espaço com maior afastamento dos usuários. Existem vidros que te impedem de entrar por onde quer, há detectores que nem te conhecem, mas já te julgam, há monitores que podem te enxergar como um intruso.
Pausa pro almoço. Ao voltar fomos recebidos pelas correrias do Maurício. Arqueologia e cultura. Interessante reflexão sobre a definição de patrimônio e a predominância de algumas formas de pensamentos cientificos. A atitude daquelas crianças em brincar com artefatos históricos demonstra pra mim uma forma de cultura mais significativa do que qualquer resquício com milhares de anos. Naverdade, duvido que os antigos não ficassem orgulhosos ao ver que suas criações ainda detém uma função depois de 3 mil anos.

O trabalho do Mau reflete a necessidade de atribuirmos novas funções aos espaços e objetos conforme a mudança de contexto econômico, político e social. Fazemos isso inconscientemente....
O que temos culturalmente independe de comprovação.
Voltando as discussões, tivemos muitas idéias para intervenções, mas acabamos restringindo a uma só. Paramos para um café.

Senhoras brancas, com roupas claras e cabelos cinzas estão em oficina nas salas ao lado. Pessoas que provavelmente não seriam minhas vizinhas, nem companheiras de ônibus lotado. Considerando que não sei nada sobre elas, pode ser que minha fala só reflita um preconceito latente. Mas isso merece uma reflexão em virtude da elitização que já vi ser criada em espaços de cultura inseridos próximos do centro econômico de São Paulo. Porque concreto pintado ainda é só concreto.
Voltamos a oficina. Mais discussões. Abrimos para a partilha de informações. Diferente do primeiro dia no Tommie, não sentia mais vergonha de ter que me expressar. Pelo contrário, me senti acolhido. (palavras jogadas) Jogo, corpo, vídeos, política, sono.... (palavras jogadas) Um após o outro finalizamos as falas partilhando o que decidimos nos pequenos grupos. Mas como ficou nosso povo? Tem a mesma vida dos bacana, mas não tem quase nada. Então faz assim: fecha os olhos. Para um poco. E, ouve o que os rios tem pra dizê...

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